quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Pavimentado ilusões


Tenho andado sobre pedras escaldantes,
e meus pés estão amortecidos pela dor e cansaço.
O peso de minhas angustias faz minha coluna se entortar.
Sucumbi diante de um vazio, pelo perdão e culpa de minhas faltas.
E assim meus joelhos ralam sobre as rochas do pesadelo.
O frio olhar daqueles que zelei em silêncio enaltece a minha morte.

Cai perante os anseios de mudanças inexistentes.
Sacrifiquei tempo e energia por acreditar no que é certo a ser feito.
Me curvei diante da maldição que se aflorou em minha alma.
Construí minha morada sobre pedra angular e me vi andar sobre ruínas.
Tentei ser fortaleza, mas meus muros eram somente areia esculpida.

Tenho coragem pra seguir em frente, mas tudo em minha volta me apavora.
Tenho espada e broquel pra lutar um combate desigual, 
mas tenho os braços amarrados com requintes de maldade.
Minha boca é ferramenta voraz de gritos silenciosos amortecidos pelo caos,
e tenho as palavras amordaçadas pelo desprezo de minhas verdades.
A maior vontade de minha culpa é estar diante das sombras do esquecimento.
É encontrar o amparo fraterno das noites mal dormidas, e vislumbrar sua morada pelos caminhos da escuridão.
É o querer despir de todo o fluir da vida, 
e de toda força motriz mortificada pelas paixões do mundo.

Sou culpado pelo caos que eu me encontro,
mas fiz com a melhor das intenções possíveis.
Sei que não detenho daquele vigor, daquela essência reconfortante,
daquele carisma entusiasmante dos galãs e artistas descolados,
daquela beleza extemporânea que almeja desejos e ensejos.

Minha fé só me direciona naquilo que tento evitar.
É apenas um suporte e um valor superestimado,
que a todo momento me aquebranta o espírito e minha luz.
Mesmo com todas as forças, com todo o meu entusiasmo,
me pergunto de o porquê de tantas dores, de tantas ilusões.

Se estou seguro no que afirmo em relação as minhas tristezas?
Devo dizer que não é uma afirmação, é uma constatação.
Se ainda tenho fé pra me segurar em momentos de desespero?
É apenas um ancoradouro adornado com brilhantes,
sobre certezas irreais na iminência de minhas lágrimas.

Meu rosto verte somente a derradeira conclusão do fracasso,
e revestida com mãos calejadas ao subir as montanhas da loucura.
E quando cheguei no topo, minhas dores estava difusa em meu corpo,
e minha certeza era apenas uma entre tantas outras.
Mas as que mais pude enxergar é que não tenho aquela importância,
que o meu egocentrismo tanto salientou sobre enganos malfadados.

Abraçaria todas as visões do mundo por um lampejo de esperança.

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