domingo, 23 de maio de 2010

Mantendo o Foco: O Mito de Andrógino e a Teoria da Alma Gêmea.

Essa é apenas uma continuação da discussão sobre o amor que Platão salientou no “Fedro”, só que agora ele volta nesse assunto só que de uma forma mais abrangente no diálogo “O Banquete”. Não vou poder salientar todas as questões de Platão a respeito do amor, até porque são três textos que dinamiza essa mesma questão: Fedro, Lísis e O Banquete, e não vai dar pra discutir todos esse textos porque vai levar muito tempo e irá preencher todas as postagens de um mês inteiro. Mas vou explorar alguns itens que eu julgo ser o suficiente pra poder compartilhar com algumas inquietudes que sobressai na minha mente....Lá vai eu de novo!!!!! RSRSRSRSRS
Dentre essas discussões eu lhes apresento “O Mito de Andrógino”. Platão apresenta esse texto no “Banquete” e fala a respeito de um jantar oferecido na casa de Agatão, um aristocrata muito rico na sociedade grega e que reúne os principais poetas, artistas, intelectuais e políticos e propõe várias discussões para essas pessoas de diferentes formações e dentre elas se encontra o nosso querido Sócrates, O Filósofo. Tem uma pessoa que também fora convidada e irá bater de frente com as questões que Sócrates irá apresentar neste jantar e seu nome é Aristófanes (não confunda com Aristóteles, o Filósofo)
Aristófanes de fato existiu, era um ator comediante e era inimigo de Sócrates. Vai haver um embate entre esses dois durante essa discussão já começando pelo sorteio de quem irá falar primeiro. E Aristófanes foi sorteado e Sócrates irá escutar o que o ator tem pra falar e depois vamos ver o que o filósofo irá responder.
Começando com o debate, o ator irá apresentar as questões relativas ao amor, que o gênero humano não irá alcançar a sua beatitude se antes não aprender a lidar com a natureza humana, pois recorrendo a essa natureza não a como rememorar um amor que há muito tempo esteve separado de sua alma....a outra metade de seu amor..... a Alma Gêmea!
O que ele quer dizer é que nós, humanos, se lembramos de algo que vivenciamos em um outro plano astral, a nossa alma se lembra de algo que as posições empíricas de nossa racionalidade humana apaga logo quando nascemos, ou seja, algo escapa desse movimento de nossa vivência mundana e fica uma memória que nos faz bem, sem sabermos de fato o que é. É diante desta questão que ele apresenta o “Mito de Andrógino.”

O Mito de Andrógino

Nos tempos remotos, na origem da espécie humana, havia três tipos de gênero humano: Um gênero era próprio, Masculino-Feminino, o gênero Feminino, Feminino-Feminino e também o gênero masculino, Masculino-Masculino.
Essa espécie de gênero humano era auto-suficientes, não precisava recorrer a fatores externos e já tinham tudo o que era necessário, ou seja, não precisava correr atrás de nada, pois o amor entre eles era recíproco, não havia motivo pra se sacrificar por algo, pois eles já tinha todos os seus anseios saciados por essa simbiose. E com o tempo, se tornaram arrogantes e grosseiros, viviam fomentando guerras, desafiando até a vontade dos deuses, que não demora muito, e os deuses acabam por se rebelarem contra a insolência dos homens.
Mas ao invés de puni-los, exterminando-os por completo, os deuses analisa a questão da grosseria humana e chega num consenso. Pra acabar com a arrogância humana, Zeus separa esses humanos ao meio e joga a suas metades para os confins da terra, para que dessa forma os homens aprenda a ter humildade no coração e procure o seu amor, a sua metade gêmea, pra que dessa forma reencontre a sua felicidade a muito tempo separada pelo seus erros.


Agora retornando a questão analítica, esse mito nos coloca a uma reflexão dos anseios de encontrar a sua Alma Gêmea, que se dá através de uma rememoração, uma lembrança do que é a sua cara-metade, pois havendo esse encontro, tudo ao seu redor não tem mais a importância de antes, tem uma ligação que se sobrepõe a todos os fatores “Metafísicos” que se expande em todos os parâmetros até então que pensava que se tinha conhecimento! Não é uma paixão em si, é um reencontro com o firmamento de sua essência, a volta de sua natureza original.
Platão afirma que o amor é parte da natureza humana, só existe um único amor, que é a cura de todos os nossos males que preenche todos os nossos anseios “Metafísicos” de retornar para a unidade do ser (essência) e que é a única forma de sermos felizes. Também ele nos salienta que quando não encontramos a nossa alma gêmea, vamos nos preenchendo com outras metades existentes, porém não é o amor original na qual se procura, só atende as suas necessidades mundanas. Um pseudo-amor vamos assim dizer!
Segundo Lacan (escritor norte-americano), nossa completude se dá através de um suplemento que atenda as nossas aflições, e desta forma gerando um amor mútuo entre ambos!
Devo frisar que caso você não encontre a sua metade, irá passar o resto da vida sozinho ou vivendo uma relação sem a rememoração de sua alma, uma relação trivial. (Anaminêsis)
Agora a questão é a seguinte: vale a pena ir em busca de algo que nem ao menos saibamos se está presente em nossa existência ou criamos um laço afetivo que não irá desencadear essa completude essencial de nossas almas?
Bom....eu penso que o amor é despertado em nossas almas quando nos importamos ou admiramos alguém, e façamos com que ela se sinta feliz estando do nosso lado.
Por fim, espero que todos nós um dia possa encontrar essa essência divina que nos arrebata para esse amor e fica o meu desejo de que vocês sejam felizes independente pra onde forem caminhar!!!!

“Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, sem amor nada serei!”
I Coríntios 13,1

Um comentário:

  1. Mesmo que todo o tempo fosse de temporais. E mesmo que tudo fosse apenas uma abstração daquilo que enxergamos. Você estaria saindo na frente. Parabéns. Siga. Sigamos.

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