segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Rascunhos de um Desabafo (nº16)


Doravante outrora, me pergunto sobre as conjunturas e amalgamas que formam as paixões.
Muitas indagações permeiam na minha mente a respeito do diferencial das nossas emoções.
Eu acredito no diferente, eu acredito que a singularidade do indivíduo é que faz o mundo girar.
Não sou adepto do que é homogêneo no pensamento humano.
Quais são as motivações que faz Alice a entrar na toca do Coelho Branco?
Quais seria as forças que impulsiona
ela a ter o impeto de se aventurar no desconhecido? O que a difere das demais pessoas no modo como ela enxerga o mundo?
Pode haver ideais ou planos das quais não sou favorável, desde que só se permeia no campo das idéias, não acredito que possa ser nocivo.
Cada ser humano tem o seu modo de pensar, tem suas próprias experiências, medos, fracassos, vitórias, conquistas...
Isso é o que faz de nós sermos únicos, agora, me vem a cabeça quando as ideias se assimilam, se moldam com alguém diferente.
Tento imaginar como uma argila, só que de cores diferentes, uma de cor azul e outra amarela e quando ambas se misturam, se mesclam, forma uma única massa de cor verde.
O que faz quando um casal de namorados se apaixonam? Será pela beleza? Pelo caráter? Pelas suas ideias que se conciliam, apesar de ambos terem modos de pensar  e vivencia diferentes?
Não sei dizer, mas o improvável acontece. O dinamismo da natureza é um mistério. Sua fluidez perante o âmbito do espaço e do tempo é voraz. É uma força que não há como ser contida.
O puro muitas vezes não condiz com a concretude física diante da natureza. A pureza, no que diz no âmbito material, nunca foi sinônimo de perfeição, é uma nulidade de si mesmo, pois não preenche e não corrige os defeitos. Essa pureza mundana deixa lacunas em sua estrutura, tendo como resultado a sua própria ruína. É preciso que haja uma peça singular nessa matéria pra que haja um aperfeiçoamento. Uma mescla que possa corrigir os erros estruturais, gerando assim uma nova entidade, um novo ser, moldado por visões antagônicas que possa diferir entre os erros e os acertos nas imperfeições da realidade. Quando não há uma mudança, é certo que estará fadado ao fracasso.
A natureza é movimento e o diferente acompanha tais mudanças.
É inevitável perante o mundo de que os acontecimentos fiquem estagnados.
Independente de o quanto possa ser prejudicial ou favorável pra nossa condição mundana, elas irão acontecer.
O ocre e o azul se misturam, é pura sinergia, pois aperfeiçoa falhas naquilo que era estagnado.
Preenche lacunas e erros abstratos que não condizia com a realidade.
Enfim, o diferente é uma condição volátil que diverge e muito com a nossa racionalidade.
É um turbilhão que mexe com estruturas e abala condições intocáveis no que diz ao nosso modo de pensar.
É preciso que haja esse movimento, o velho tem que dar espaço ao novo.
O tempo corre e com ele a nossa vivência.
O diferente diz muito a respeito do que somos, é o resultado de várias vivencias, de vários pontos de vistas.
Somos apenas a sintetização de encontros, de obstinações, de erros e acertos.
Sou grato por ter tido o meu tempo e não desejo mais ter que voltar...