
Apesar que muitos duvidam, mas nós, humanos, temos a capacidade de exteriorizar uma essência interior, uma carga energética que implode até mesmo o receptáculo que mantem toda a nossa compreensão para com o divino.
Mas muitos se mantem inertes diante de sua ignorância. Se mantém presos perante as sensações supérfluas, se perdem diante de emoções que muitas vezes subjugam o próximo, tem uma deturpação utilitarista em usar o outro como meio para seus apetites, suas necessidades e seus anseios a serem preenchidos.
Vejo a realidade como uma tempestade, seus ventos a todo momento nos derrubam, os destroços que voam diante da tormenta a todo momento nos atingem, forçando-nos cair diante das colisões, sempre a nos prostrar de joelhos em suplicas para com Deus que nos amparem e nos ajudem diante de um momento tão difícil. Sem falar na chuva que acompanha a ventania. Seria essa uma representação figurativa de nossos prantos? De nossas lágrimas?
Entre o que é necessário em satisfazer a temporalidade de nossas sensações carnais, e o que é temerário diante da incomensurabilidade do infinito, se for para optar, na minha formação e no meu ímpeto em desbravar os ditames em dissociar meu senso cognitivo diante do mundo, prefiro temer aquilo que está para além da compreensão humana, para além dos extramuros de nossa maldade, sim, todos nós temos um mal incutido em nossa natureza.
Queria eu não ter que mencionar nesse lado negativo de nosso espírito, mas, o primeiro passo para se alcançar a infinitude cósmica, é saber reconhecer os limites impostos pelos nossos erros e enganos, é saber reconhecer que somos pequenos diante do universo. O problema é que nossa natureza se corrompeu, e a todo momento tem uma falsa necessidade de derramar sangue, de subjugar nosso espírito indolente de ser livre, de se transmutar para além dos limites de nossa fraca compreensão para com o divino.

Ser bom e superior, não é impor aquilo que achamos que é o melhor para o próximo, mas prover aos indivíduos suas próprias escolhas, seu próprio livre arbítrio, pois nada pode ser inferido como sendo uma verdade absoluta em vista de nossa parcialidade em entender o mundo, pois tudo é constante e fugaz, pois a dinâmica da vida está a todo momento fluindo, pois viver é estar inserido num plano de circunstantes mudanças, e nossa natureza acompanha essa fluidez.
Talvez o mais sublime de tudo isso, sejam as nossas escolhas diante dessa tempestuosa razão que nos omite em vislumbrar o infinito. Talvez seja necessário que nós, humanos, tenhamos esse limite, tenhamos essa obscuridade tão nebulosa que impede de enxergarmos para além dos extramuros de nossos medos, pois acredito que não daríamos conta do que poderíamos ver, do que poderíamos vislumbrar.

Só depende de como possamos romper as correntes que nos mantém inertes diante das sombras que nos enclausura e nos engana com falsas afirmações do que possam ser verdadeiros, mas que só denotam um engodo que nos impede de enxergar a verdadeira luz de nossa compreensão para com o divino.
A verdadeira batalha é aquela que travamos com nós mesmo, a todo momento enquanto vivermos.
Se diante de tudo isso, pudéssemos ver Deus, ele seria a incomensurabilidade de tudo aquilo que mais acreditamos e tememos, ele seria nós mesmos.
Se os homens pudessem falar a línguas dos anjos, seria escrita e falada
com as nossas dores.