quarta-feira, 13 de abril de 2016

Rascunhos de um Desabafo (nº11)

De um certo modo, é perigoso criar expectativas, ainda mais quando você não tem certeza se essas coisas boas, que você tanto se apegou ou se apega, vai de fato acontecer.
Perigoso por que?
Na verdade, eu explicito essa questão, não que seja uma ameaça na integridade de alguém ou de alguma coisa, mas, subjetivamente pensando, é perigoso no fato de que isso pode haver uma certa enganação, uma certa frustração e como consequência, a melancolia e a depressão.
Entende o que quero dizer?
Em resumo, criar expectativas é se perder, é esperar algo que não existe, mas o seu subconsciente sempre lhe diz o contrario, pois ele vai criando fantasias tão exuberantes que, de alguma maneira, ele lhe convence de tal modo que você passa a acreditar nessas ilusões.
Quando seus sonhos são postos sobre essas expectativas, devemos rever os parâmetros da realidade afim de não nos machucarmos e, acredite, isso machuca mais do que ferimentos físicos. Machucados no corpo podem ser curados com medicamentos, já o que são causados na alma, dificilmente se cura e a dor é excruciante e de difícil tratamento.
E essas expectativas são potencializadas quando o indivíduo se encontra num estado de extrema solidão. Pois é nessa condição que o indivíduo se vê mergulhado no abissal destempero de suas carências, em vista que o ser humano sempre projeta as suas necessidades, tanto afetivas quanto corpóreas em um outro alguém. O outro indivíduo é tido como um sustentáculo para suas realizações, a projeção para sua singularidade em detrimento das diferenças de caráter de uma outra pessoa. Isso não é algo que deve ser repudiado, pois faz parte da fisiologia humana. O ser humano não foi feito pra viver sozinho. Muitos de nós, só conseguem encontrar um sentido na vida quando deparamos no olhar de uma outra pessoa, um brilho diferente que passamos enxergar e que preenche um vazio inexorável de um mundo tão insólito e corrompido e esse outro alguém lhe dá uma iluminação para as obscuridades de nossa existência e um complemento mais palpável e harmoniosos quando desbravamos as incertezas que a vida nos impõe.
Expectativas, geralmente, são engôdos formalizados pelos anseios de nossos desejos, pois quando desejamos, queremos e esperamos se isso vai acontecer é quando a realidade, em sua brutal e impiedosa insensibilidade, nos remete ao dilema paradoxal entre o que é sonho e o que é real. Eis o conflito que nos escarnece, que zomba de nossa fragilidade e nos faz sermos pequenos diante do incomensurável desespero que a escuridão nos impõe sobre essas incertezas.
Por fim, expectativas devem ser condicionadas de um modo mais reflexivo e moderado de acordo com nossas ações e aplicadas de um modo mais conciso e paliativo sobre inferências já consumadas. Expectativas só devem ser cultivadas sobre as reais certezas do dinamismo existencial do nosso mundo e a maneira de como você agiu e ainda vai agir pois, não se deve criar expectativas sobre algo nulo, quando não há uma sinergia sobre algo que lhe impõe uma desfaçatez, que lhe mortifica e corrompe até mesmo sua auto-estima.
É claro que ninguém age de modo tão meticuloso e calculista, inclusive esse que vos escreve, pois sempre agimos de modo impetuoso e aguerrido naquilo que mais desejamos e sonhamos em ter, mas, é bom estarmos atentos sobre ações que embora possam ser pequenas, algumas delas sempre carrega uma grande carga reativa que esconde um intempestivo descontrole emocional que debilita tanto o corpo quanto a nossa alma e assim nos levando a perdição...