domingo, 2 de março de 2014

A Grande Estrela Azul


Eu vi uma grande estrela azul e ela me disse coisas torpes e incertas!
Me disse que tudo no universo é o inverso do que é certo
e o certo é o contrário do que achamos que é o correto.
E cabe a mim encontrar o erro naquilo que tenho certeza
de estar afirmando ser a resposta certa para as minhas incertezas.
A cidade velha me chama para além de suas muralhas cinzas desbotadas
e os passos descompassados de pessoas cansadas ditam o ritmo solene pela manhã.
Entre indas e vindas, os reencontros são casuais.
Antigos namoros são reatados, amigos de infância se encontram,
crimes são cometidos pelos cantos escuros de uma viela suja,
lixo acumulado nos bueiros, pessoas bebendo e se drogando
e o incorreto parece está sempre certo.
E a rotina dita seu percurso de maneira singela e desconcertante.
Os mendigos se arrastam pelo chão,
as flores brotam no canteiro das avenidas empoeiradas
e os casais se beijam no portão da próxima estação.
Os sinos da igreja anunciam o próximo casório
e os jornais imprimem os obituários do dia.
Tudo está normal dentro do possível, até o momento em que vem a chuva.
Uns comemoram o fim da estiagem, outros amaldiçoam pela inundação.
E quando cessa a tempestade, Meu Deus!!! Que maravilha!!
Os pássaros cantam melodias sob o sol a raiar e os grilos cantam sob a luz do luar.
Um dia após o outro, o certo e o errado se conjugam.
Os bebês nascem, os mortos repousam.
Tudo está na ordem de acordo com critérios naturais e racionais.
Cabe a nós tentar desvirtuar aquilo que é correto.
Grande Estrela Azul, não me faça de tolo!
Não lance duvidas sobre aquilo que é certo e errado
Mas, me responda uma coisa...
E a baunilha???
Como posso conhecer o gosto de algo que é usado apenas para dar cheiro?