domingo, 22 de maio de 2011

Os Devaneios de Nêmesis

(para Dante Alighieri, meu mentor)

Em oração, entoarei os cânticos de misericórdia,
Ofereço em holocausto as minhas chagas mal curadas.
Minha alma se dissipa por entre os acasos da dor.
Eu vos peço que interceda por mim nos momentos de descaso,
e me cubra com o sagrado livramento das horas triste e desinibidas.
Eis que vejo um cavalo alado trazendo consigo os elementos do caos.
E diante do firmamento das estrelas, conduzo a minha penitência
em face de minhas oferendas, estendo minhas mãos para o céu,
dizendo em tom solene e desordeiro de minha certeza:

"Oh! Nêmesis!!! Deusa capciosa de corações inebriados e amargurados!
Faz de mim o seu arauto da discórdia e rogai por mim nas noites caudalosas e enluaradas!!"

Dito isso cai em um devaneio.....
Olho em volta de um mundo cinza desbotado,
o céu figura um estranho entardecer.
Então vejo alguém se aproximando, parece muito comigo,
mas seu semblante é diferente.
Em sua face eu vejo tristeza,
vejo impregnado em sua alma uma singela solidão
Ele sorri para mim com um cinismo depravado de um anjo amargurado
Me oferece um cálice que transborda da mais insípidas alegrias
Experimento esse elixir e o mundo em minha volta se desmorona
Aquele sujeito, com um sorriso escancarado,
pega em meus braços e me joga para o abismo.
Pensei que iria cair, até que alguém me agarrou a tempo
Presenciei um embate diante de mim,
aquilo não pude conceber em mente.
Tinha em mim um devaneio de forças obtusas,
era os rufiões do meu lamento.
Duas figuras inoperantes de meu discernimento
se confronta diante da minha razão.
Olho mais de perto e meu espírito se enche dos mais absurdos temores
Era eu mesmo combatendo contra meu eu maligno
Duas vertentes do mal, minha parte boa e ruim, estão em plena luta pelo controle de minha nobre essência.
A face mais obscura da minha alma almeja pela minha luz
Eis que vejo um guardião sobressair diante do meu lado bom
Levanta suas asas e com um só bater,
afasta aquela maldição pra longe de mim
Antes de ir embora, ele me disse:
"Fiz da solidão o meu martírio, eis aqui a minha redenção!"
Cai de joelhos e transbordo com minhas vestes
as lágrimas de minha dor.
O guardião me tomou em seus braços,
e acalentou as minhas inquietações.
Me disse que foi apenas mais um dia,
haverá outros em que terá que lutar.
Também me deu a esperança de sempre continuar a me ajudar.
Estará sempre ao meu lado pra me auxiliar nas horas tristes.
Me recomponho, enxugo o rosto com o meu manto vermelho
Me apoio em meu joelhos cansados e doloridos,
e descalço continuo a minha jornada.
Foi só mais um evento em meu caminho que deteriora o meu viver....
Só sei que nada sei!
São sonhos derradeiros de um jovem errante,
gracejando a tormenta de suas virtudes.
Só sei que tenho que continuar!
Até o fim.......